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Sábado Cinza-Azulado #26 - O Cheiro das Coisas



André se sentou com as costas amparadas no muro. Tirou da mochila um Walkman amarelo, pôs os fones intra-auriculares nos ouvidos e deu o play. Tocava R.E.M.. Sozinho na quadra poliesportiva do colégio, curtia uma manhã de domingo carregada pelo que sobrou da festa de Halloween que havia acontecido na noite do dia anterior; o chão, o teto e o ar ainda estavam carregados pelo que restara do evento, ao qual André não comparecera, mesmo sendo estudante dali. 

Respirando profundamente, ora cerrava os olhos para imaginar o que rolara na festa, ora os abria para sugerir onde e quando tudo havia acontecido; como um detetive, tentava ilustrar a quadra com pessoas, bebidas, conversas, flertes e certamente com a presença da menina mais linda do colégio que, ao contrário dele, foi ao evento. A música do Walkman era o que ele sabia que tocaria naquele sábado, pois ele mesmo tinha criado a playlist. Portanto, depois de Shining Happy People, veio Before I Forget, do Skipknot, e depois outras vieram até que ele trocasse o lado da fita, ouvisse o restante das músicas e, passado certo tempo, pulasse o muro de volta à rua e fosse para casa. 

Durante os dias, fossem os letivos ou as cinzas das horas a que chamamos finais de semana, não se via com André outra cena que não o rapaz com a cara nos livros, ou nos filmes, ou a olhar o teto enquanto seu toca-discos lhe contava histórias do mundo pela ponta da agulha. A única semelhança entre praia, boate, festas, Rio Vermelho, pôr do sol na Barra ou no Humaitá, domingo de bike ou patins na orla era somente esta: nada lhe dava nenhum prazer se um infeliz elemento estivesse presente: o elemento gente. E era estranho de ver, para os poucos que já tinham visto, que o rapaz recusava qualquer convite, mas era sempre visto, no dia seguinte, no local para o qual fora convidado, só que em horário avesso ao de funcionamento do estabelecimento ou alheio ao combinado pelos amigos, como praia às 4 h, ou às 23 h. E sempre, sempre com aqueles fones no ouvido e com uma cara de quem participava da grande festa que só ele parecia ver no local. 

—Que cara estranho esse André… - pensou consigo Louise, no banco carona do carro do pai, ao voltar do casamento da prima e reconhecer, em plena madrugada, André e seu Walkman no Cristo da Barra, onde, curiosamente, tinha rolado um encontro de despedida do terceiro ano na tarde daquele mesmo dia. 

Louise era a tal menina mais bonita do colégio, por quem André era apaixonado – o que ela não sabia. Ela também parecia ser a menina que o achava esquisito agora, mas talvez ele não se importasse tanto com isso; sua cabeça estava sempre tocando o lado oposto do disco que rodava para todos os demais. 

Louise, colega de sala de André, gostava do sol e das coisas boas que ele causava nas pessoas: a vontade de ir à praia, de passear, de vê-lo se pôr no Humaitá e na Barra. Gostava de sair com amigos de bike pela orla ou pelo Parque de Pituaçu, adorava pegar um cinema cercada de gente e comparecia, tanto por gostar quanto por saber-se a mais linda do terceirão, a todas as festas oficiais e não oficiais. Ela era, pelas minhas contas, o extremo oposto de André. 

Ela não sabia que ele gostava dela, nem ele fazia ideia de que, ultimamente, havia chamado a atenção de Louise para si, ainda que mais por espanto e estranhamento do que por admiração direta. 


Férias, finalmente. E haveriam de ser curtidas com mais fervor, já que os cursinhos pré-vestibulares puxariam aquela garotada inteira para longos períodos dentro de suas salas brancas. Logo, não era incomum ver que todo mundo parecia querer engolir Salvador inteira nestes dias. 

Esquivando-se do calor inerente à estação - uma das maiores desculpas de André -, via-se aquele moço de pele acinzentada e cabelos pretos, em plena tarde de domingo, tomando um café com mini sanduíches na cafeteria de uma livraria do shopping. Na cadeira mais esquiva da mesa mais isolada. Em uma das mãos, um livro de poesias de Álvares de Azevedo a lhe cobrir do pescoço ao nariz. 

De repente, não mais que de repente, aqueles olhos pretos acima da borda superior do livro se descolaram dos versos e miraram, despretensiosos, à frente. Quem eles viam? Louise, que numa mesa a dez metros dele, lhe mirava de volta – e parecia que o observava há mais tempo - por cima de uma caneca grande de chocolate quente. Talvez André nunca dissesse isto a ela, mas aqueles olhos castanhos e claros eram muito lindos naquele recorte: a franja logo acima deles e uma caneca de chocolate quente logo abaixo. 

—André Castro. Sempre sozinho, isso quando temos a honra de encontrá-lo por aí – sorridente, Louise havia se aproximado e puxou conversa. 

—Eu nem sabia que procuravam por mim – pensou rápido e devolveu também com piada. 

—A galera tá indo ver um filme no cine. Vim procurar O Pequeno Príncipe para minha irmã e acabei te vendo. 

—Me viu? Me viu como? - parecia surpreso, pois sempre procurava se isolar quase que se escondendo. 

Louise não queria dizer que já o observava há algum tempo – desde aquele lance do Cristo da Barra –, e que já conhecia até sua postura e penteado. Então, respondeu: 

—Subi para tomar um chocolate quente e te vi. 

André vivia no lado B do mundo, como eu disse, mas isso não o privava de ser educado: 

—Quer se sentar e terminar seu chocolate aqui? 

—Se não for incomodar vossa majestade – brincou novamente, rindo com os olhos enquanto a caneca lhe escondia a boca novamente. 

—Eu vou pedir mais um café. Você aceita? 

—Hum. O cheiro está tão bom. Aceito, sim. 

O café chegou, ao modo de André: amargo e preto. Louise se deliciou primeiro com o perfume que a xícara exalava para depois prová-lo. 

Teve que disfarçar, como pôde, o espanto pelo gosto que sentiu na boca. Não estava habituada a café forte e sem açúcar. Então, sem que André percebesse, puxou assuntos e não tocou mais na xícara. 

—Você não quer vir com a gente? 

—Obrigado, mas eu preciso voltar para casa. 

—Então, tá – respondeu, desanimada, a garota, que agradeceu pelo café, pela prosa e voltou para os seus amigos. 

André não transparecia, mas sentia de certa forma alguma coisa amaciando seu interior como nunca antes. Ele soube tratar disso com muita discrição, pagando a conta e indo para casa, para onde precisava voltar para nada fazer, senão ler mais e escutar mais vinis. Seu mundo lado B. 

Louise pensava, enquanto as cenas do filme 500 Dias Com Ela passavam no telão, no quão intrigante era aquele menino. 


Uns chamam de coincidência e outros chamam de Universo, mas o fato é que André e Louise, opostos um do outro, pareciam se encontrar acidentalmente de vez em quando durante as férias. Não foi diferente naquela final de tarde de uma terça, quando a moça o viu, de tênis e suado, numa padaria da Central, na Liberdade. 

—André?! 

—Louise. Tem me seguido? - brincou e sorriu. 

—Juro que não. Voltava para casa depois do Inglês, mas o cheiro do pão estava tão gostoso que eu resolvi parar aqui e comprá-lo. 

André, que descansava e lanchava após a corridinha que costumava fazer, respondeu: 

—Entendi. Quer lanchar comigo? 

—Já comprei o pão que eu queria, mas vou registrar o convite. Posso? 

—P...pode – André gaguejou de leve, sabendo que parecia se tratar de um encontro futuro. 

—Quando a gente se bater de novo, assim, acidentalmente. Fechado? 

—Fechado – retrucou André, alocando o pedaço do misto quente na bochecha esquerda para respondê-la. 

Era de se esperar uma alegria no semblante de qualquer adolescente quando recebe uma proposta de encontro de uma garota, ainda mais da garota mais bonita do colégio… ainda mais da garota por quem ele era completamente apaixonado. Mas não, André voltou seus olhos para os pisos vermelhos da padaria e continuou comendo seu lanche. 


André ouvia exatamente a faixa Caçador de Mim em seu toca-discos, no quarto, quando alguém bateu à porta. O rapaz achou que era sua irmã para lhe pedir pilhas, mas se fosse ela não teria esboçado tamanho espanto na cara: 

—Louise!! - surpreso, André exclamou em baixo tom ao girar a maçaneta e ver aquela figura cheia de vida, linda, mexendo nos cabelos com a mão direita. 

—Posso entrar, André? 

—Que surpresa... Você sabe onde eu moro? 

—Sou a garota popular, então conheço sempre alguém que conhece alguém. 

—Mas e o nosso trato sobre o encontro? 

—Tsc… você não entende mesmo as meninas, não é, André? Me explica “você”! 

André, que nunca havia recebido tal pedido, não soube o que dizer, mas disse: 

—Me explicar? Explicar o quê? Eu é que devia perguntar a você o que te fez vir aqui e querer saber de mim. É que ninguém nunca pareceu ter ligado para mim. 

—Não parece ter sido escolha sua? 

—De fato. Mas, ainda assim, você foi a única que veio questionar qualquer coisa. 

—Sim. É que você foge tanto da curva que eu precisava saber como você funciona. 

—É uma dissecação e nada mais, então? - questionou André, sem muita surpresa. 

—Rs… não. Podemos caminhar enquanto conversamos? 

André calçou as sandálias e seguiu conversando com Louise da Baixa do Fiscal até o Humaitá, e o papo se manteve aceso mesmo depois que pararam para tomar uma água de coco enquanto miravam as luzes do Comércio e do Santo Antônio Além do Carmo, de longe. 

Louise ouviu de André o que nunca supunha ouvir de ninguém: ele lhe explicou o que chamavam de “esquisitice”. Falou que preferia viver o ideal da coisa que o real, se o real, na verdade, é sempre tão frustrante e insosso. Que o real causa tanto espanto e se distancia tanto do que ele tinha por perfeito e intocável: a realidade pintada pelas músicas, poemas, quadros, filmes, séries. 

—Entende o quanto é estranho o que você está falando, não é, André? - perguntou, estupefata, Louise. 

—Total certeza. Mais estranho ainda foi você ter vindo querer saber de mim o que rolava comigo. Inclusive, já que essa noite parece a noite das revelações, preciso dizer que sou apaixonado por você. 

—Como assim?? - de sobressalto, Louise perguntou. É que, realmente, ele não deixava transparecer nem um pouco. 

—Sim, apaixonado pela Louise que eu guardei para mim. 

—E por que nunca me disse? Eu nunca nem notei, o que é muito incomum. 

—Me bastou o gostar de você e nada mais, Louise – respondeu, dando a última puxada na água do coco pelo canudo vermelho e branco. 

—Nossa… eu certamente esnobaria você, como faço com todo mundo. Digo, esnobaria antes, mas depois eu fiquei com tanta vontade de te conhecer. Que estranho… nunca senti isso por ninguém. 

—Dizem que os opostos se atraem. Acho que isso parece fazer sentido – respondeu, meio perdido no horizonte, o rapaz André. 

—Vai ver foi isso. Mas, assim, bastou a você gostar de mim e pronto? Como assim? Você é daqueles amantes platônicos? Eu estou aqui agora, André. Você consegue ler nas entrelinhas? 

—Acho que sim, mas talvez eu te entristeça e estrague sua instigação por mim se eu falar por mais dois minutos. 

—Pois agora é que você vai falar mesmo! - Louise olhou nos olhos de André até que eles voltassem do horizonte e se travassem nos dela. 

—Então lá vai… 

André lhe explicou - enquanto casais, tocadores de violão, bêbados e turistas transitavam ao redor - tudo o que Louise nunca esperara ouvir de ninguém: 

—Lembra do café que pedi para você na cafeteria? 

—Lembro, sim. 

—O que era melhor: o cheiro ou o sabor dele? 

—Eu acho que o cheiro. Era muito amargo o gosto. 

—Hum. E aquele pão da padaria da Central. Você o levou para casa, não foi? Agora me diz: o que te encantou mais foi o cheiro, que foi te buscar lá na esquina, ou o gosto, depois que você o tirou do saco? 

—Ah, aquele cheiro estava mesmo maravilhoso. 

—Então acho que já estamos meio conversados. 

—Oxe. Como assim, André?! O que têm a ver café e pão com o resto do mundo? Com a forma com que você se comporta, diferente de todos que eu conheço? Com você não ter falado para mim que está apaixonado por mim? 

André, cujos olhos já estavam rasos d’água, pois não via prazer no raciocínio que tomou como verdade para si, respondeu, olhando diretamente para aquelas íris de mel de Louise: 

—Assim como o pão e o café, que têm o cheiro melhor do que o sabor, assim é com o amor. Assim é a realidade, assim são as interações. Me diz, Louise, se estou mentindo. 

Louise, que parecia ter bebido um litro de cravinho em vez da água de coco do quiosque, estava com a cabeça em parafuso. Não sabia o que responder. A pergunta que André fizera ricocheteava em sua cabeça como bala perdida de faroeste. 

—O mundo me é mais bonito pela Arte. A arte torna branda a aspereza do mundo, como dizia o poeta. Ela me fez amar o cheiro das coisas, não o gosto. Assim, me acostumei a deixar as frustrações da vida real e viver admirando o mundo visto pelos olhos dos artistas. Foi uma fuga à dor para mim. Você me entende agora? 

Louise, que agora também tinha os olhos marejados, pegou nas mãos de André e lhe disse, firmemente: 

—André, não sei realmente o que te dizer… mas você aceitaria passar o resto das férias comigo? A gente tenta fazer coisas juntos; fazemos as minhas e fazemos as suas. Que tal? Nunca te pedi nada… - e riu, enquanto fungava por conta das lágrimas. 

—Tipo o Lado A, você quer dizer? 

—Lado A? Ah, sim. Lado A. Isso, tipo o Lado A. Deixa o B para tocar se você não gostar da minha proposta, fechado? 

André não respondeu verbalmente. Seu abraço em Louise, que demorou o tempo de vários beijos, respondeu por ele.

Fonte da imagem: https://favim.com/image/134121/ 

Comentários

  1. [id437784252:bp-150317356_322|Witalo], meu velho!

    Gostei de "O cheiro das coisas" - inclusive, o título é perfeito. Coisa não muito fácil de construir. Parabéns pela capacidade de sintetizar tão nobre estória em um título.
    Quanto ao enredo, no início pensei que André fosse autista. Depois que fosse simplesmente tímido. Só final fui surpreendido quando ele resolve encarar e surpreender a Louise confessando ser apaixonado por ela. Eu não creria que ele tivesse coragem, kkkkkk.
    Parabéns! Bela estória!

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  2. Me emocionou aqui meu irmão...
    'Assim como o pão e o café, que têm o cheiro melhor do que o sabor, assim é com o amor. Assim é a realidade, assim são as interações. Me diz, Louise, se estou mentindo. '
    Putz, é terrível depois de 3 casamentos sentir isso, sabendo que sinto demais e que meu coração é besta fera solta nos campos... tenho medo de um futuro com alguma Louise(talvez não tanto linda, que já nem mereço...rsrs) me fazendo acreditar e querer e me destruir de novo, visto que não me embruteci nada com as experiências terríveis do passado...
    Também, pra falar de maneira mais leve, é super gostoso acompanhar seus contos por nossa amada Salvador, vc é um artista necessário! Amo nossa cidade de paixão e vê-la assim contada é muito gostoso!

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  3. Admiro a sua escrita pois ela cria 'pinturas' na mina mente. "...aqueles olhos castanhos e claros eram muito lindos naquele recorte: a franja logo acima deles e uma caneca de chocolate quente logo abaixo."

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